A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) vem realizando, desde abril, discussões sobre o planejamento da infraestrutura paranaense e as ferrovias estão incluídas.
Segundo o presidente da Fiep, Edson Vasconcelos, a ideia dos encontros surgiu após a entidade observar inúmeras dificuldades que vêm sendo enfrentadas atualmente por indústrias, cooperativas e outras organizações que utilizam estradas, ferrovias e portos, tanto do Paraná quanto de Santa Catarina, para escoar sua produção.
Ele observa que “a economia, o agronegócio e a indústria paranaenses registraram fortes crescimentos nas últimas décadas, mas este avanço não foi acompanhado por investimentos que ampliassem e melhorassem a eficiência da nossa infraestrutura de transportes nos níveis demandados pelo setor produtivo. Mais do que isto, o Paraná tem potencial de seguir com um crescimento consistente nos próximos anos, o que torna crucial um planejamento efetivo sobre os projetos necessários para suportar a demanda e não enfrentarmos a um colapso logístico no futuro”, diz
Diante desta realidade, o presidente explica que, falando especificamente de ferrovias, a Fiep vem reunindo nestes encontros usuários embarcadores de cargas para ouvir as principais necessidades, abrindo espaço também para outros atores envolvidos nesta questão. “Nossos técnicos também já estão se reunindo com embarcadores das diferentes regiões do Estado para levantar as demandas específicas do setor produtivo. É importante ressaltar que a ferrovia passa pela capital, mas em termos de transporte de cargas, ela serve essencialmente para quem está no interior. Por isto, estamos nos aproximando dos embarcadores para entender quais são as dificuldades enfrentadas por eles e os grandes gargalos que existem hoje no modal ferroviário, além de avaliar demandas futuras com base em suas projeções de crescimento”, afirma.
GARGALO – Para o presidente, o modal ferroviário, desde que haja uma malha adequada e eficiente, com um modelo de concessão equilibrado e que não onere o usuário, é um dos principais meios para dar maior constância e previsibilidade ao transporte de cargas. “Além disto, nessas condições, tem um custo menor em comparação com o modal rodoviário, o que se reverte em mais competitividade para o setor produtivo”, fala.
Ele acrescenta ainda que o modal ferroviário emite cinco vezes menos carbono por tonelada transportada, contribuindo assim com a sustentabilidade. “O investimento em ferrovias também serve para desafogar e tornar mais eficiente o tráfego nas rodovias, que continuarão sendo necessárias mesmo com a implantação de uma malha ferroviária adequada. Por todas estas e outras questões, a Fiep entende que as ferrovias, dentro de um planejamento que leve em consideração a integração entre os diferentes modais, são fundamentais para solucionar os gargalos logísticos do Paraná”, assegura.
Construção da Ferroeste e concessão devem andar juntas
O presidente da Fiep, Edson Vasconcelos, avalia que os temas construção da Ferroeste e novas concessões ferroviárias devem andar juntos. “Estes são projetos distintos, porém, que devem ser tratados concomitantemente pela sinergia que existe entre eles. O projeto da Nova Ferroeste tem boa parte de seu foco em soluções de médio e longo prazo, principalmente no que se refere à proposta de construção de novos trechos ferroviários, eliminando gargalos na ligação entre o Oeste do Paraná e Paranaguá. Este planejamento em longo prazo, que incluirá no futuro extensões para estados vizinhos, é essencial quando se fala em infraestrutura. Mas, dentro da discussão da Ferroeste, existem também questões que precisam ser tratadas em curto prazo para solucionar gargalos ligados também à Malha Sul, como a descarga ferroviária em Paranaguá e melhorias no trecho atual entre Guarapuava e a Lapa. Isso também precisa ser levado em consideração nos processos de concessão da Ferroeste e da Malha Sul”, explica.
Para o presidente, outras soluções mais em curto prazo podem ser encontradas no processo de renovação ou nova concessão da Malha Sul, atualmente administrada pela Rumo, que atende as regiões Norte, Noroeste e dos Campos Gerais. “A Fiep entende que são necessários investimentos expressivos nessa malha, além de um modelo de concessão que traga benefícios aos usuários, especialmente em relação ao custo e eficiência do transporte. Neste processo, precisamos antes verificar qual será a proposta da Rumo para uma eventual renovação do contrato e quais seriam os parâmetros para uma nova concessão, para então entender qual modelo traria mais vantajosidade aos usuários: a renovação do atual contrato ou uma nova licitação?”, diz.
Paraná pode aumentar volume transportado por ferrovia
O presidente da Fiep, Edson Vasconcelos, acredita que com investimentos em ferrovias o Paraná pode aumentar o volume transportado por este modal.
Ele comenta que um dos parâmetros em relação ao volume de mercadorias transportado por ferrovias é a movimentação de cargas nos portos de Paranaguá e Antonina. Em 2023, a empresa pública que administra os portos registrou 65,3 milhões de toneladas movimentadas. Menos de 20% desse total foram transportados por ferrovia.
Para efeito de comparação, o porto de São Francisco do Sul (SC), alcançou índices de até 50% de sua movimentação feita pelo modal ferroviário. Outro exemplo é o porto de Santos, o maior do Brasil em movimentação de cargas gerais, teve no modal ferroviário o expressivo percentual de 40% de suas cargas movimentadas por trens. “Isto mostra que temos espaço para ampliar a participação do modal ferroviário no transporte de cargas no Paraná”, diz.
FONTE: CNN